E
os rápidos olhos do sonho como fontes de forças ocultas voltam, e nos
trazem algo que precisava ser lembrado. Precisava ser reconhecido, para
que tivéssemos tempo para estar às voltas com os padrões definitivos de
nossa condição de sonhadores. Caminhamos sobre campos de cultivo de
almas. Caminhamos e nossas almas são os campos onde cultivamos a certeza
de poder prosseguir, para realizar maravilhas em relação ao universo do
que é possível. Somo magos, somos deuses, e nem mesmo conhecemos nossos
poderes, que se vão fluindo enquanto escorre o tempo e não vemos. Pois
muitos preferem não enxergar a si mesmos e continuam apenas se
distraindo. Mas eu sou um ponto chave de exceção que decidiu se lançar
sobre os abismos da procura, a fim de tentar descobrir o que minha
verdadeira natureza tem a oferecer, o que minha mente tem a oferecer, o
que o universo está escondendo de mim mesmo. São momentos de entressafra
entre o antes e o depois, quando as decisões precisam ser tomadas,
porém existe o tempo de plantar e o de colher. Existe o tempo de atuar e
o de esperar que algum resultado possa surgir de nossas ações para que
possamos ver como queremos agir a partir daquilo. Ou talvez, um ser
dotado de uma excepcional filosofia possa insistir em agir sem esperar
resultado, simplesmente porque aprendeu a amar as ações e isto é o
resultado daquilo que se pode chamar de convicção numa proposta de ação
contínua. Também a natureza tem seus momentos de silêncio. Também a
brisa para de soprar por alguns momentos, mas mesmo quando tudo parece
parado algo está em movimento de alguma forma. Outra expressão do
Ilimitado está em ação subterraneamente, enquanto contemplamos o
silêncio. Eu sou a fonte de onde tudo brota. Eu sou o improviso no qual a
vida decide se lançar para o futuro. Eu sou a razão pela qual existe o
pensamento e o coração que continua insistindo para que estas idéias
continuem aflorando. É tempo de dizer o que se pensa sem temer que o
resultado seja a repulsa, ou o desprezo, porque o importante é que se
continue a querer que aquilo em que se acredita possa continuar
existindo. Como eu continuarei existindo, como a fonte das fábulas
continuará existindo porque é feita desse material da continuidade. E
então um povo calmo chegará. Olhará em silêncio para tudo isto que
aconteceu e a tudo compreenderá silenciosamente. Porque são antropólogos
do universo. Porque são encarregados de observar, registrar,
compreender e seguir adiante, conduzindo esta compreensão. Arrastando
para distâncias de anos-luz a lembrança de algo que aconteceu em
determinado mundo. É assim que o universo continua registrando sua
própria existência de múltiplas maneiras. É assim que o Akasha vive e
respira. E as potências do antes e depois continuam a se alimentar do
infinito agora, para ter em que se apoiar. Para ter com que sorrir. Para
ter em que existir. Como existimos tendo tanto tempo para abrir novos
caminhos do pensamento. Novas estradas da alma, novas fronteiras da
razão. Porque queremos ver o que há por trás deste véu. Porque
compreendemos e aceitamos que a mente com seus infinitos devaneios tem
novidades que se repetem, mas são muito mais interessantes que o vazio
repassado para as mentes fracas, que se acovardam diante da contemplação
das possibilidades. Para mim as palavras são meditação. Os antigos do
oriente disseram que é preciso contemplar as palavras e deixar que elas
passem sem chamá-las ou expulsá-las, eu prefiro nelas fazer um
prolongado mergulho e disto fazer minha atitude contemplativa. É apenas
um método a mais, uma atitude que se adapta a mim, como pode haver a
atitude daquele que se aventura a ler, e disto fazer sua meditação
também. É sabido que quando adentramos a verdadeira fronteira entre o
“eu exterior” e o “eu divino” surge um profundo silêncio. Nesse estado,
de tudo se sabe, tudo se vê ao mesmo tempo, e a pessoa não tem vontade
de falar, ou de pensar, apenas enxerga esta infinita luz. Minha pergunta
aqui agora, meu questionamento é como podem as palavras se tornarem uma
estrada que me leva exatamente nesta direção do silêncio... Difícil de
compreender, mas lá no fundo perfeitamente possível. Mas independente de
onde isto possa me levar, como passatempo acho perfeitamente válido.
Muito melhor que noticiários, que só buscam a expressão dos infortúnios e
desgraças. Muito melhor que novelas, que só buscam a expressão da
perfídia ou das banalidades. Aqui a traçar estas linhas sinto que ao
menos estou a me atualizar com meu diálogo interno, e desta forma minha
compreensão de mim mesmo, ou do momento que vivo tende a se expandir.
Que não seja interpretado como egolatria. É apenas uma forma de estudar a
consciência, e reavaliar aquilo que se acredita, ou que se tem como
verdade absoluta. De qualquer forma, a mente assim permanece em
exercício. Os neurônios, forçados a trabalhar com tamanha intensidade
que os músculos do pensamento ficam exercitados, e prontos para
deliberarem renovadas reações que se apresentarão quando mais delas
houver necessidade. Por tudo isto é que prossigo degustando o ato de
pensar, e por conseguinte o ato de escrever. Este último talvez seja o
que mais onera o vaso físico, pois o esforço repetido começa a cansar os
tendões, a posição também começa a forçar as articulações, e se vê que
escrever não é meramente um trabalho intelectual, mas também um trabalho
físico desgastante e com potencial para gerar severas lesões. Contudo
no momento creio que ainda não escrevi o bastante para estar a mercê
destes perigos. Mas parece que a mente, vai querendo cansar e ainda não
instituí minha épica mensagem, meu glorioso momento onde fica evidente
aquilo em que acredito. Portanto reúno as forças para demonstrar com
palavras os bens valiosos da procura. É assim: O tempo escorre pelo
ilimitado, enquanto por convicção e pesquisa cheguei à conclusão de que
somos seres imortais, portanto até mesmo a ameaça de morte não ameaça
porque a vida continua. Tendo a eternidade em minhas mãos posso
experimentar esta realidade por tempo indeterminado, e já venho
praticando isto há algum tempo, o que me leva a ter uma certa prática no
ato de pensar. O pensamento expandido gera conexões. A mente pode ser
visitada por uma consciência maior. E também há os visitantes
desencarnados que se aproximam para averiguar, e podem sugerir idéias,
sejam boas ou más, conforme a natureza de quem afirma. Contudo dentro
deste meu filtro existencial me vejo com capacidade para permitir que
aqui somente flua o que é inofensivo, e combato os estados de espírito
contraproducentes porque sei que no mundo material tudo é passageiro,
até mesmo este tempo que estou gastando aqui a escrever, e que me faz
tão bem, e que espero que possa de alguma forma ser útil a alguém, ou a
alguma civilização futura que possa encontrar isto aqui registrado no
éter. Eu sou vida. Eu sou luz, eu sou eterno. Bebo minha imortalidade
como o néctar da maravilhosa bem aventurança. Descubro quanta alegria há
nesta capacidade de aqui ficar simplesmente registrando meus
pensamentos. Em outros momentos mais específicos sirvo como um canal por
onde deixo fluir mensagens de amor e paz para meus irmãos encarnados.
Em todo caso sinto que o ato de raciocinar será sempre de grande valor,
mesmo que seja um simplório exercício de pensar, sem começo ou fim, sem
tanta ordem quanto seria de se esperar, principalmente em se tratando de
uma tempestade de idéias. Portanto de qualquer forma preparo o fim
desta seção de escrita. Nos ouvidos as freqüências bineurais se fazem
ouvir impulsionando meu querer e desligando-me do mundo. As portas se
entreabrem. Sinto como a percepção de que estou adentrando poderosas
paisagens do espírito. Há na dimensão interna do meu ser a sensação de
que mais espaço foi criado. E isto me faz ver que é pelo acúmulo do
pensar que se aprende a existir. E nesse quantum gerado descobrimos cada
vez mais o poder para gerar vida, criar dimensões, providenciar
realidades que convêm ao nosso desabrochar espiritual. Feliz daquele a
quem a ética universal é um princípio inquestionável, fartamente
acumulado e preservado para ser sempre de serventia diante das situações
futuras. Torna o ser alguém incrivelmente rico dentro da realidade
maior das forças cósmicas geradas e recebidas, acumuladas como um
formidável gerador que se faz vibrante novamente quando nos decidimos a
utilizar estes dons acumulados. Eu Sou Luz. Eu Sou. Eu Sou.
Targon Darshan
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