Julho de 1873
2ª mensagem de S.João Evangelista
Vedes como os raios do Sol, após uma tempestade, atravessam as negras nuvens que envolvem a Terra e encobrem o horizonte?
Vedes como amaina a tempestade, restabelece-se a calma, recobra-se a esperança, suspiram docemente as brisas, os passarinhos renovam seus melodiosos acentos, e a natureza se reanima?
Assim são as tormentas sociais e as humanas tempestades.
O mundo físico, em suas perturbações e em seus violentos abalos, não pode exceder o limite da lei do seu equilíbrio, que é a lei eterna da sua conservação e das suas necessárias transformações.
Do mesmo modo sucede no mundo moral, ou antes, no universo moral.
A ignorância, as revoltas da razão e da consciência, o fanatismo, as paixões, os interesses e o orgulho, são os ventos que revolvem as sociedades e arrancam à Humanidade o seu repouso.
Não vos perturbeis, porém; o Universo moral segue a sua rota, impelido pela divina lei da perfectibilidade e da purificação – e tudo, de dia a dia, de passo em passo, caminha para o seu providencial destino.
Não penseis que em algum tempo a Humanidade retrocede; ela vacila; porém, em sua vacilação, fortifica-se para avançar com impulso mais vigoroso.
Quão instrutivas e civilizadoras seriam, para o homem, as lições da história, se fosse essa o quadro fiel das vicissitudes humanas e se o homem pudesse abraçá-la em sua universalidade!
Porque, é preciso que o saibais, a vossa história é uma gota d'água no oceano das humanidades que se movem e se desenvolvem nas imensas campinas do infinito, e, mesmo assim, essa gota não chega a vós senão corrompida e adulterada. E tudo é por esse molde. Sempre existe o véu espesso com que cobrem e desfiguram as paixões e os interesses de seita e de partido.
Tudo por este molde; repito, vereis na história confirmado o sucessivo e infinito progresso das sociedades humanas.
E quando chegar, pois chegará, o venturoso dia em que a História Universal se apresentar a vossos olhos, clara, transparente, luminosa, sem véus e sem enfeites, então caireis, tomados de surpresa, aos pés dessa eterna Providência, cuja suprema luz arrancou a Humanidade das tenebrosas imensidades do caos.
S.João Evangelista
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