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terça-feira, 13 de julho de 2010

Os sinais dos tempos




Ao sair Jesus do templo, disse-lhes um dos seus discípulos: Olha, Mestre, que pedras e que edifícios! Disse-lhe Jesus: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada.

Estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, perguntaram-lhe em particular Pedro, Tiago, João e André: Dize-nos quando sucederão estas cousas, e que sinal haverá quando elas estiverem para se cumprir? Então Jesus começou a dizer-lhes: Vede que ninguém vos engane: Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu, e enganarão a muitos. 

Quando, porem, ouvires falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis: porque é necessário que assim aconteça, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares, e haverá fomes: estas cousas são os princípios das dores. Estais vós de sobreaviso; pois vos hão de entregar aos tribunais e sereis açoitados nas sinagogas, e haveis de comparecer diante dos reis e governadores por minha causa, para lhes servir de testemunho. Mas é necessário que primeiro o Evangelho seja pregado a todas as nações. E quando vos conduzirem para vos entregar, não preocupeis com o que haveis de dizer, mas falai o que vos for dado naquela hora, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. Um irmão entregará a morte o seu irmão e um pai a seu filho; e os filhos se levantarão contra seus pais e os farão morrer, 

Sereis também odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim será salvo.

Quando, porém, virdes a abominação da desolação estar onde não deve, então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; o que ser achar no eirado, não desça e nem entre para tirar as cousas de sua casa; e o que estiver no campo, não volte para tomar a sua capa. 

Mas ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Rogai que não suceda isso no inverno; porque aqueles dias serão de tribulação, tal qual nunca houve desde o principio da criação por Deus feita até agora, nem haverá jamais. E se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém seria salvo; mas por causa dos eleitos, que ele escolheu, os abreviou.

Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo acolá! não acrediteis; levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas, e farão milagres e prodígios, para enganar os eleitos, se possível fôra. Estais vós de sobreviso; de antemão vos tenho dito todas as cousas.
Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará mais claridade, as estrelas cairão do céu e as potestades celestes serão abaladas. Então se há de ver o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. E ele vos enviará os anjos e ajuntará os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu. S.Marcos XIII 1 – 27
Este trecho do evangelho proferido, pode-se dizer. na ultima fase da vida de Jesus, é digno do nosso estudo e atenção.

Já o Mestre havia lançado o seu libelo contra os escribas e os fariseus, os cegos, guias de cegos, que erigiam os sepulcros dos profetas a quem seus pais haviam trucidado; aos traficantes das graças de Deus; aos vendilhões dos templos. Ele já havia lamentado Jerusalém, que matavam os profetas e enviados que transpunham suas portas quando, ao chamarem os discípulos para as grandezas do templo, aproveitou-se da oportunidade para proferir perante eles o seu sermão profético, como o chamam os Evangelhos.

Foi nessa ocasião que Jesus deixou luzir aos olhos de seus amoráveis discípulos, os sinais dos tempos que haviam de chegar e as ocorrências que se desenrolariam no mundo, até a iniciação de uma nova fase de vida para a nossa humanidade.

Sem outro exórdio que pudesse desviar a atenção dos quadros, admiráveis painéis por meio dos quais mostrou aos que o cercavam os fatos que se desenrolariam depois de sua passagem para a Espiritualidade, começou Jesus a falar sobre o grande Templo de Jerusalém de cujas suntuosidades erigidas por mãos de homens, não ficariam pedra sobre pedra.

Era este o sinal cujos acontecimentos estavam próximos de se verificar e foi justamente o que se realizou.

Do templo de Jerusalém não ficou pedra sobre pedra, como também não ficará pedra sobre pedra de todos os monumentos que o orgulho, a vaidade e o egoísmo humano edificarem em nome de Deus.

Grande era a missão que cumpria ao Mestre levar a termo, e de retirada do Templo onde ele havia opostrofado os sacerdotes, o Mestre seguira para o Monte das Oliveiras, sitio predileto onde, por varias vezes, tinha se reunido com seus discípulos, mostrando-lhes do alto do pico, cuja vista abrangia extensos horizontes, as belezas da natureza matizada pelos reflexos do Sol.

Sentado na relva, melancólico e pensativo, começou então o Mestre rabino a responder as perguntas daqueles que deveriam apostolar a sua causa, salientando os fatos que assinalariam o fim dos tempos do mundo sacerdotal, que precederia o inicio do mundo espiritual, ou seja, da fase do reinado do espírito sobre a matéria. Tomando como símbolo das grandezas humanas o Templo de Jerusalém, Jesus fez ver a seus discípulos que todas essas pompas luxuosas que adormecem o espírito e aniquilam o sentimento, distraem os homens para os seus deveres para com Deus e o próximo, impedindo as almas de cumprirem os seus deveres evangélicos.

O Mestre já havia também predito os grandes martírios que teria de sofrer, predições que se realizaram à letra, mas que tudo isso era preciso que se cumprisse, e que Ele voltaria ao mundo no tempo da restauração final da sua Palavra. Mas, antes disso, o mundo teria de passar por grandes transformações e a humanidade por grandes sofrimentos.

Perguntando-lhe os discípulos a época em que ocorreriam esses acontecimentos, Jesus começou por ensiná-los a raciocinar, ensinando a discernir os homens e os espíritos, afim de poderem distinguir os tempos preditos.

Cuidado! ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome dizendo: eu sou o Cristo e enganarão a muitos.

Se alguém vos disser: eis aqui o Cristo, ou ei-lo ali, não acrediteis, porque hão de levantar-se falsos Cristos e falsos profetas e mostrarão tais sinais e tais milagres que, se fora possível, enganariam até os escolhidos.

Se disserem que o Cristo está no deserto, não saiais, se disserem que esta no interior da casa, não acrediteis porque assim como o relâmpago sai do Oriente para o Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem.

Com essa exposição Jesus fez ver que a sua vinda não seria como daquela vez em que foi crucificado, mas sim, viria em Espírito, presidindo o grande movimento de Espiritualização do mundo, tal como se está verificando sob os auspícios do Espiritismo. Frisou bem os mistificadores que apresentariam Cristos fechados em câmaras e no interior das casas, assim como os que aparecem nos desertos e arrebatam multidões curiosas constituindo redutos de fanáticos.

E foi só depois de bem exaltar o sentimento e o raciocínio de seus discípulos, que o Filho de Deus julgou acertado narrar as dores porque o mundo teria de passar e as lutas que seus seguidores teriam de sustentar na obra da regeneração humana.
Haveis, primeiramente, de ouvir rumores de guerras, mas não vos assusteis, porque não é ainda nessa ocasião que virá o fim, pois levantar-se-ão nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome e terremotos em vários lugares, mas tudo isso é o principio das dores.

Esta predição está realizada e continua a se verificar; as guerras que tem assolado ultimamente o planeta não deixam duvidas sobre a realização da previsão. Os ataques contra a palavra apostólica, levando os divulgadores da fé aos tribunais, tem continuado desde os primeiros tempos do Cristianismo.

Desde o tempo de Nero, prosseguindo sempre e estendendo à alçada da igreja de Roma que entregara os hereges ao braço forte para lhes serem infligidos os maiores suplícios, a historia dos inquisidores e da inquisição, quais paginas de sangue na historia da humanidade, deixam ver claramente o cumprimento também desse trecho do Evangelho.

A grande guerra que fez mais de 30 milhões de vitimas, a grande peste que levou outras tantas ou ainda mais; as lutas que fervilham em toda parte do mundo são mais que sinais característicos e preditos pelo Nazareno, do fim dos tempos em que o mundo teria de passar por uma completa reforma.

Jesus acrescentou que, em virtude da iniquidade a que os homens se entregariam, o amor se resfriaria e não haveria caridade; os afetos se extinguiriam e o caráter se abastardaria.

É o que estamos vendo por toda a parte: o luxo, as pompas, a ganância do ouro, o desejo da multiplicação de fortunas; o egoísmo endeusado; e de outro lado, o desprezo para os necessitados, para os enfermos e abandonados.

Em vez de hospitais, erguem-se igrejas; em vez da instrução, constroem-se cadeias, em vez da luz a humanidade veste-se de trevas.

Um dos mais característicos sinais dos tempos, é a pregação do Evangelho, como está escrito: Este Evangelho será pregado pelo mundo todo, então virá o fim. Graças ao Espiritismo, ou seja, aos Espíritos de Verdade, este convite para seguir a Cristo, está se realizando como um aviso amoroso da vinda, em Espírito, de Jesus, que restabelecerá na terra o reinado do Espírito.

A pregação do Evangelho é o machado posto à raiz das arvores infrutíferas; é a exortação à regeneração dos costumes para a espiritualização dos homens.

Outro característico igual é: a abominação da desolação predita pelo profeta Daniel, que se havia de verificar no lugar santo.

É fato bem patente aos olhos de todos que o que os homens chamam de lugar santo é a religião, as igrejas, e não há quem conteste a desolação que lavra na Religião.

O que é atualmente religião? Nada. O que é uma igreja? Um lugar abominável onde se pode encontrar tudo, menos amor a Deus, caridade, amor ao próximo, respeito, moral!

A igreja atual é um ponto de diversão como qualquer outro: um circo, um cinema, um teatro! É uma casa comercial como qualquer outra: é um botequim de festas onde se mercadejam frangos e leitões.

O que é a religião do povo, hoje!

Onde está a fé, a esperança, a caridade, que une, sustenta, ampara e eleva a massa popular? O que há são tráficos de missas, tráficos de batismos, tráficos de casamentos, tráficos de nascimentos e tráficos de mortos. Tudo é mercadoria, tudo se vende na religião do povo, tudo se mercadeja nas igrejas da Babilônia!

A imortalidade e a comunhão das almas e dos santos desapareceu do Credo; o Diabo 
venceu a Divindade: o inferno tragou o céu!

Não há crença, não há fé; para a massa do povo tudo termina com a morte; a igreja proclamou – "pulvis es, et in pulveris reverteris: spiritus que vades no redit". O tumulo é a ultima palavra da vida! Eis o sinal certo do fim dos tempos; eis a desolação e a abominação predita por Jesus, imperando no lugar santo.

As ultimas predições do Mestre, exaradas em referido capitulo, versam sobre os fenômenos físicos, os sinais do céu, obscuridade do sol, que consta atualmente de manchas diversas que foram observadas pelos astrônomos, manchas que influem na atmosfera., ocasionando, como lemos diariamente nos jornais, terremotos, tempestades, furacões, inundações.

Todos dizem: o tempo está mudando. De fato, o tempo está mudado e esta mudança foi predita por Jesus há dois mil anos, para assinalar o fim do mundo da carne e o advento do mundo do espírito.

Finalmente, diz o texto: "As estrelas cairão dos ceus e as potestades serão abaladas."

Julgamos que essas estrelas não são senão os Espíritos superiores que viriam tomar parte nessa restauração, mesmo porque só eles serão capazes de abalar as Potestades, os governos civis e religiosos, da terra e do Espaço, que conduziram o homem à degradação em que se acham.

Eles vem ajuntar os escolhidos dos quatro ventos e chamá-los a formar este Reino desejado que pedimos cotidianamente ao Senhor, na prece Dominical.

Vamos concluir, aconselhando o leitor a tomar um lugar nas fileiras do Cristo, porque só assim ficará resguardado dos males futuros que farão ruir o mundo velho com suas paixões, para, removidos os escombros, erguer-se em cada alma uma cátedra onde o Espírito de Verdade possa pontificar.

 

 

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